Arquivos de Categoria: Atividades

Bons sonhos

Este livro é um entusiasmado e entusiasmante relato sobre a história e a ciência do sonho, incluindo várias tradições científicas e não científicas que tratam do assunto, e se juntando ao coro dos que defendem que, para dar conta da riqueza, beleza e complexidade da nossa experiência terráquea, todos os saberes estão convidados. (Tenho certeza de que Feyerabend ficaria feliz!) Seu autor, o glorioso professor Sidarta Ribeiro (UFRN), nos apresenta à ciência onírica, mesclando detalhes históricos e científicos narrados de maneira clara e às vezes poética. À sua própria colaboração para a construção dessa área do conhecimento, Sidarta agrega elementos autobiográficos de um ser humano que sonha e se encanta. Sua erudição transborda pelo livro sem pedanterias, num generoso compartilhamento onírico-bio-bibliográfico que indica a quantas anda a pesquisa na área, as questões em aberto e os vários caminhos possíveis. Juntam-se aos relatos de sonhos de pessoas comuns diversos exemplos históricos de notáveis sonhadores que nos ajudam a entender a argumentação que reúne biologia e psicologia sem medo de ser feliz (Darwin, Freud e Jung também ficariam felizes!). Um livro fundamental que pensa e vive a ciência e a tecnologia na sua relação com a sociedade, articulando-as com sonhos e saberes sobre humanos, não humanos e híbridos: deuses, humanos, animais, máquinas, instituições, narrativas, teorias, controvérsias, artes, culturas e práticas, tudo junto e misturado, um primor! Chocada com tanta lindeza, aprendi e me deleitei deveras. Vejam o sumário:

Referência:

RIBEIRO, Sidarta. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

 

Ideias de Krenak e Viveiros de Castro

Trecho do posfácio escrito por Eduardo Viveiros de Castro para o livro Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak (2020).

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

A lógica da vida, capítulo 3: o tempo

Resumo feito pela gloriosa Marta Bellini:

Mais do que um conceito abstrato, no capítulo 3 de A lógica da vida, Jacob enuncia o tempo como a duração indissociável da origem do mundo e de sua evolução. Uma duração é o entrelaçamento da história das espécies, sua permanência e sua variação, ampliação, imanência, contínua, persistente. Dos seres mais rudimentares aos mais complexos, todo ser vivo sobrevém de uma sucessão de transformações conforme os novos naturalistas do século XVIII. A ideia de tempo está ligada às ideias de origem, continuidade e contingência (acaso, circunstância), diz Jacob (p. 137).  Origem porque considera o surgimento da vida na Terra, continuidade porque somente do ser vivo aparecem outros seres vivos; contingência porque não há, na natureza, nenhum a priori para a existência do mundo vivo assim como é hoje. Todo ser vivo está associado ao espaço que o circunda e ao tempo que levou para chegar ao mundo de hoje.

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A lógica da vida, capítulo 1: a estrutura visível

O primeiro capítulo do livro se chama “A estrutura visível” e trata do que Jacob denomina de estrutura de ordem um (seguida depois por três ordens que nela se encaixam “como bonecas russas” (p. 23): organização, célula e molécula, cada uma tratada num capítulo). Esse primeiro nível se identifica na virada do século XVI para o XVII e até o XVIII, época em que o ser vivo é visto como uma combinação de estruturas visíveis cuja continuidade é garantida pela pré-formação; a espécie é entendida como entidade fixa, um sistema inerte; e as ciências da vida têm como objetivo classificar os seres e como objeto a análise dessa estrutura visível. São tempos de animismo, de harmonia prestabelecida e de representação, ou seja, há uma concordância entre sujeito e objeto. Assim como Foucault (2000, p. 10-29), em seu texto “A prosa do mundo”, nos fala da mudança de estatuto do raciocínio por semelhança com o advento da modernidade, Jacob aqui nos narra essa mesma mudança no que diz respeito à explicação da manutenção da estrutura visível, que vai migrando gradativamente da noção de geração (criação e preformação) para a de reprodução (hereditariedade) no final do século XVIII.

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A lógica da vida, capítulo 2: a organização

Resumo feito pela gloriosa Marta Bellini

Vimos na Introdução e no capítulo 1 deste livro o uso de metáforas organizacionais para sustentar a argumentação sobre a vida, sua reprodução e manutenção.

Jacob, neste capítulo, vai tratar da nova concepção dos seres vivos, após a segunda metade do século XVIII, e na passagem ao século XIX. Neste período, os seres vivos serão compreendidos de outra forma, ou seja, como seres organizados, estruturados em conjuntos tridimensionais de moléculas que regeriam suas propriedades e seus comportamentos. Jacob afirma (1983, p. 81) bem o que vai abordar no capítulo 2, “É pela organização que os seres se distinguem das coisas”. É na passagem do século XVIII ao XIX que uma nova ciência emerge não mais como classificatória dos seres vivos, mas tendo como objeto de estudo a sua organização.

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A lógica da vida, introdução: o programa

Na primeira parte da introdução, que se chama “O programa”, Jacob começa nos lembrando da noção bastante evidente da “formação do semelhante pelo semelhante” (p. 9), dessa forma que permanece ao longo das gerações e que, aliada à experiência, permitiu que nossos ancestrais transformassem plantas e animais a nosso favor. Apesar dessa prática de manipulação milenar e do conhecimento aí desenvolvido, muitas explicações conflitantes circularam – e por que não dizer que ainda circulam – sobre o tema. Ele contextualiza a noção de programa, tão cara ao nosso entendimento de hereditariedade atualmente, que é descrita “em termos de informação, mensagens, código. […]. O que se transmite, de geração em geração, são as ‘instruções’ […]. O organismo torna-se assim a realização de um programa prescrito pela hereditariedade. A intenção de uma Psyché foi substituída pela tradução de uma mensagem.” (p. 10). E acredita que, com isso, algumas discussões conceituais desapareceram, como as que opunham “finalidade e mecanismo, necessidade e contingência, estabilidade e variação” (p. 10).

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A lógica da vida, prefácio

              François Jacob (sentado) e Jacques Monod no Instituto Pasteur em 1971

Pouco antes dessa foto aí em cima, François Jacob (1920-2013) havia publicado o seu livro A lógica da vida, que estamos lendo e discutindo nos nossos encontros às quartas-feiras. Além de ser considerado um dos fundadores da biologia molecular, e de ter dado uma contribuição monumental às ciências da vida (Prêmio Nobel de 1965 junto com Jacques Monod e André Lwoff por sua pesquisa em regulação genética), Jacob tem uma visão de filosofia e história da biologia extremamente esclarecedora.

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Leitura de François Jacob

Mais uma nova atividade: esta semana vamos começar a ler juntos A lógica da vida: uma história da hereditariedade, de François Jacob. Esse livro, traduzido no Brasil por Ângela Loureiro de Souza e publicado pela Editora Graal em 1983, foi escrito originalmente em 1970 pelo prêmio nobel de fisiologia e medicina (1965) François Jacob. Segundo Foucault, “é a mais notável história da biologia escrita até o momento”.

Em tempos de pandemia: registro do último dia da roda de conversa

Em tempos de pandemia: telas e mais telas na roda de conversa

Ontem começamos nosso evento

Em tempos de pandemia: roda de conversa sobre artigos recém-publicados.

Alguns participantes se mostraram, olhem que belezura:

Para ver mais telas pandêmicas, clique aqui.

Em tempos de pandemia: aviso de início da roda de conversa

Clique aqui ou na aba “Em tempos de pandemia” aí em cima para saber tudo sobre esse evento, que começa na próxima terça-feira, dia 23 de junho de 2020, às 19h.

Em tempos de pandemia: roda de conversa sobre artigos recém-publicados

Duração: de 23 de junho a 28 de julho de 2020 (às terças-feiras)

Inscrições: de 8 a 19 de junho de 2020

Inscreva-se aqui.

Roda de Conversa: Jung e a sincronicidade

Esta semana receberemos o Raul e o Walter, nossos queridos analistas junguianos, para bater um papo sobre Jung e a sincronicidade. Clique aqui para ver o livro Sincronicidade de Jung.

Antropoceno em Latour e Haraway

Na semana retrasada o Roger nos apresentou dois textos sobre o Antropoceno. Um do Latour, “Para distinguir amigos e inimigos no tempo do antropoceno” e outro da Haraway, “Antropoceno, capitaloceno, plantationocenco, chthuluceno: fazendo parentes“. Ambos excelentes!

TCC do Gian

PARABÉNS!!!