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Jornada Feyerabend

Este é o livro póstumo de Paul Feyerabend. Inacabado, o livro foi cuidadosamente editado por sua esposa, Grazia Borrini-Feyerabend, e seu amigo, Bert Terpstra, e publicado originalmente em 1999. Entre nós, a tradução de Cecilia Prada e Marcelo Rouanet, com a revisão técnica da querida professora Anna Carolina Regner, saiu em 2006 pela Editora Unisinos.

Além do manuscrito inacabado de Feyerabend, que compõe a primeira parte do livro, os editores fizeram uma seleção de 12 artigos e ensaios relacionados com o que foi tratado no manuscrito pelo autor. De maneira geral, podemos dizer que aqui Feyerabend trata da questão do realismo, encaminhando-a pela sua permanente discussão com a tirania dos universais, que já se pode perceber no subtítulo: “Uma história da abstração versus a riqueza do ser”.

Esta semana faremos uma Jornada Feyerabend dedicada a esse livro na sexta-feira, dia 23 de junho de 2017, começando às 10h na sala 223 do bloco I-12. Participe!

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Seminários “A ciência tal qual se faz” – história social da prova

Neste seminário discutimos o texto “Para uma história (social) da prova nas ciências e nas técnicas. Reflexões gerais e estudo de dois casos: as experiências de Hertz e a imunização magnética dos navios.”, de Dominique Pestre (1950-), sociólogo, historiador da ciência e diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Há vários vídeos dele no nosso canal do youtube, dentre eles o seguinte:

Como diz Fernando Gil (1999, p. 12) na introdução do livro: “A história das ciências sugere que a recepção das teorias não depende apenas do teor das provas demonstrativas e experimentais.” Isso porque, na prática, “a prova tal qual se faz” não é fruto de uma racionalidade predeterminada por demonstrações matemáticas e experimentos, e sim de uma racionalidade construída por consensos, que implicam estratégias argumentativas, pragmáticas e retóricas.

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Representar e intervir V

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Como vimos, Hacking apresentou a discussão dos antirrealistas (positivistas, pragmatistas e incomensurabilistas), mostrou o relato de Putnam para dar conta da incomensurabilidade de significado, mas acabou revelando a sua deriva do realismo para o antirrealismo. Nesse movimento, Putnam aproxima-se de Kuhn, e Hacking os denomina de nominalistas transcendentais, sendo o primeiro conservador, e o segundo, revolucionário. Para finalizar a primeira parte do livro, Hacking ainda aponta para outro caminho da filosofia da ciência “da teoria”, que é o que ele aborda no capítulo “Um substituto para a verdade” (p. 191-210).

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Representar e intervir III

ian hacking

André preparou o seguinte resumo do capítulo “Referência” (p. 147-166):

Neste capítulo, Hacking analisa a teoria do significado de Putnam para ver como esta pretende evitar as dificuldades impostas pela tese da incomensurabilidade de Kuhn apresentada no capítulo anterior. Hacking argumenta que a teoria de significado de Putnam se encaixa bem em casos de sucesso da ciência como é o caso do elétron, mas ela parece não ser sensível a alguns outros casos recorrentes na história da ciência. A conclusão do capítulo parece ser a de que a teoria de Putnam não nos força a adotar uma postura realista. Continuar Lendo →

Representar e intervir II

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A primeira parte do livro começa discutindo o realismo científico (p. 81-93), mapeando os realismos e antirrealismos de teorias e de entidades. Diante dessa empreitada, é feita uma reclassificação entre realistas e antirrealistas de toda a tradição da filosofia da ciência. É possível ser realista de teorias sem ser realista de entidades. Russel, por exemplo, é enquadrado como realista de teorias e antirrealista de entidades, já que não problematizava a possibilidade de alcançar a verdade por meio das teorias, mas tratava as entidades inobserváveis como construções lógicas. Hacking, por sua vez, se declara um realista científico de entidades e diz que, para ele, só no nível da experimentação se pode ter certeza da existência de entidades teóricas não observáveis. É o chamado argumento experimental: “se você pode bombardeá-los [elétrons e pósitrons], então eles são reais” (p. 84).

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Representar e intervir I

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Desde o início do ano estamos discutindo o livro do Ian Hacking, Representar e intervir, publicado em 2012 pela Editora da UERJ. Apesar de já ser um texto balzaquiano (publicado originalmente em 1983), ele ainda é deveras atual e conta com uma introdução do autor escrita especialmente para a edição brasileira. Ademais, há uma reveladora apresentação, escrita pelo meu amigo André Mendonça (IMS-UERJ), em que ele nos apresenta o Hacking e sua obra como uma ponte entre a tradição e a pós-modernidade. Vale a pena conferir!

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