Pesquisa com auxílio do CNPq

cnpqEm 2013 conseguimos aprovar um projeto no Edital de Ciências Humanas do CNPq. Esse projeto é um desdobramento do projeto institucional da Cristina, com algumas pequenas alterações. Seu título ficou assim: “Science Studies e circulação do conhecimento: alternativas teórico-práticas para a elaboração de um discurso sobre ciência, tecnologia e inovação”. Pedimos financiamento de custeio (diárias, passagens, serviços) e capital (livros e tablets), mas só conseguimos o custeio, que está viabilizando a vinda de convidados para os encontros e a transcrição/tradução do vídeo do Feyerabend. Para vê-lo, clique aqui.

Em 2014 buscamos financiamento para a biblioteca e enviamos mais um projeto, agora para o Edital Universal: “Ciência, tecnologia e inovação à luz dos Science Studies: (re)construindo relações entre tecnociência e sociedade”. Para vê-lo, clique aqui. Em novembro, o projeto foi indeferido com um parecer bizarro:

“Embora seja continuação de projeto financiado pelo CNPq (há 2 anos), pretendendo investigar o discurso da ciência na perspectiva da história das disciplinas científicas (‘Science Studies’), o projeto não é claro e não demonstra relações possíveis com o estudo em tela com a contemporaneidade, o que é relevante face ao desenvolvimento da ciência presente. Com efeito, a física de hoje, em áreas com a Gravitação Quântica, dificilmente se enquadrariam em tais Studies.”

Diante disso, enviei o seguinte pedido de reconsideração:

“Gostaria de solicitar uma reavaliação do projeto, tendo em vista que parece ter havido algum engano. Em primeiro lugar, há uma certa contradição da própria agência, tendo em vista que o projeto é continuação de outro, que foi considerado devidamente claro e pertinente. Além disso, o projeto não diz que o campo dos Science Studies é o mesmo da história das disciplinas científicas, como o parecer faz crer. O projeto também não fala de física ou gravitação quântica, então por que isso é mencionado no parecer? (Aliás, vale o esclarecimento de que os principais trabalhos dos Science Studies são justamente na área da física.) E, para finalizar, “tais Studies” soa, na melhor das hipóteses, como um tratamento pejorativo para um campo de conhecimento que, como é dito no projeto, pretende aproximar ciência e sociedade numa perspectiva interdisciplinar. Será que pesquisar essa relação entre ciência e sociedade, por si só, já não seria um objetivo relevante para um projeto de pesquisa apoiado pelo CNPq? Ou será que está tudo perfeito nas políticas científicas, na distribuição de recursos, nas avaliações de produção, no acesso público ao conhecimento etc.? A meu ver, ao contrário, poderíamos nos perguntar a quem não interessa essa discussão?”

Conforme já esperávamos, o projeto recebeu novo parecer de indeferimento alguns meses depois (março de 2015):

“A COPAR mantém o indeferimento acompanhando o parecer emitido pelo Comitê de Assessoramento na reanálise da proposta: “Apesar dos esclarecimentos da pesquisadora, o comitê mantém a decisão anterior. Como ela mesma diz, o principal alvo dos Studies são as ciências físicas; o o projeto, contudo, não evidenciou de que modo trata ou pretende tratar resultados atuais e como reconstrói elementos importantes da discussão atual na física ou, mais um exemplo, os avanços matemáticos da atualidade – o mesmo poderia ser dito de outros campos científicos. A impressão é que projeto tende a focar em temas históricos, embora esteja dirigido à atualidade do estado das ciências, sem o analisar, porém. Não há absolutamente nenhuma visão contrária aos Science Studies; simplesmente, nota-se uma inadequação na estrutura mesma do projeto”.

Assunto encerrado sem a menor chance de entendimento do parecer… Ou melhor, está mais do que entendido o nosso não-lugar.

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