Edição brasileira da Origem (1a. edição), publicada em 2002 pela Editora Itatiaia de Belo Horizonte. Tradução de Eugênio Amado.
Começamos uma nova atividade do GP de Science Studies da UEM: a leitura do livro Origem das espécies, escrito por Charles Darwin em 1859. Vale lembrar que este é o ano da primeira edição, ainda houve mais cinco depois dessa, sendo que a definitiva, de 1876, além de várias correções, acréscimos e alterações, é a que contém a tão famosa passagem em que Darwin menciona o Criador. Essa passagem se encontra exatamente no último parágrafo da 6a. edição. Confira os trechos na 1a. e na 6a. edições:
“Existe efetiva grandiosidade neste modo de encarar a Vida que, juntamente com todas as suas diversas capacidades, teria sido insuflada numas poucas formas, ou talvez numa única, e que, enquanto este planeta continuar a girar, obedecendo à imutável Lei da Gravidade, as formas mais belas, mais maravilhosas, evoluíram a partir de um início tão simples, e ainda prosseguem hoje em dia neste desenvolvimento.” (1a. edição, créditos da tradução brasileira a seguir)
“Há uma grandiosidade inerente a esta visão da vida: o Criador concentrou os diversos poderes da vida num pequeno número de formas, ou apenas numa; e enquanto este planeta girava de acordo com a lei da gravitação universal, a partir de um princípio tão simples, foram desenvolvidas, e continua a desenvolver-se, infinitas formas do mais belo e maravilhoso que há.” (6a. edição, créditos da tradução portuguesa a seguir)
Isto é importante porque, dentre as várias questões conceituais, empíricas e históricas que temos visto em comentadores, filmes e documentários, destaca-se justamente a tensão religiosa que já havia desde os tempos de Darwin. Ainda hoje esta é uma questão crítica em certos lugares, talvez até mais crítica do que antes, porque o problema ficou mais complexo. Para além da controvérsia religiosa com os criacionistas, muitos cientistas vêm defendendo o que eles chamam de design inteligente, supostamente uma teoria científica rival do darwinismo. Temos muita coisa para estudar sobre essa querela, mas fica aqui registrado o ponto.
Outra diferença que se percebe de imediato entre as duas edições é nas epígrafes do livro. A primeira edição conta com duas epígrafes, uma de Whewell e outra de Bacon; e a sexta, com três. Além das duas anteriores, uma de Butler. Ademais, no sumário logo se vê que a sexta edição conta com um capítulo acrescido aos 14 da primeira, “VI -Dificuldades da teoria”, e ainda um glossário e um esboço autobiográfico. Esse último foi oportunamente incluído na tradução brasileira de Eugênio Amado da primeira edição (Darwin, 2002).
Antes de começar a leitura, discutimos um pouco da história do Darwin, da Origem e da sua teoria. Vimos que há outras controvérsias e questões interessantes a explorar, como os outros conceitos de evolução, as fontes, influências e repercussões de Darwin, a sua recepção, o desdobramento do darwinismo, entre várias outras.
Diante da variedade de edições e traduções que temos da Origem, decidimos cada um acompanhar a leitura na sua edição, assim podemos analisar as diferenças e as escolhas tradutórias também. A Denise Bottmann faz uma discussão interessante sobre as traduções do Darwin no blog dela:
Textos sobre as traduções de Darwin no Brasil no blog não gosto de plágio
Há também alguns filmes que têm sido especialmente instrutivos. Para vê-los, clique aqui.
Começamos a montar uma bibliografia com os textos e livros que já temos sobre o assunto. A ideia é atualizar constantemente esta lista. Para vê-la, clique aqui e aqui.
Referências:
DARWIN, Charles. Origem das espécies, 1a. ed. Tradução de Eugênio Amado. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2002.
___. A origem das espécies, 6a. ed. Tradução de Ana Afonso. Leça da Palmeira, Portugal: Editora Planeta Vivo, 2009.